Pesquisa da Abrelpe revela que 70% dos resíduos do mar brasileiro são plástico

Dificuldade na reciclagem e descarte incorreto agravam as condições dos oceanos.

Pesquisa da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) mostra que o plástico é responsável por 70% dos resíduos encontrados nos mares brasileiros. Segundo o estudo, realizado durante 2020, o isopor é o segundo resíduo mais presente, com participação de 10%. Os dados são do projeto Lixo Fora D’Água, da Abrelpe, iniciado em 2018.

De acordo com o levantamento, os resíduos coletados nas orlas das praias têm cerca de 10% de sua origem in loco, ou seja, nas próprias praias e o restante (90%), são provenientes de outras áreas urbanas. “Constatamos que os resíduos no mar são predominantemente itens de consumo domiciliar. E os fragmentos de plástico e isopor deteriorados, por exemplo, indicam origem distante da praia “, destaca o diretor presidente da Abrelpe, Carlos Silva Filho.

Segundo a pesquisa, em 2020 houve uma queda drástica da presença no mar de itens como bitucas de cigarro, canudos e copos descartáveis. Em contrapartida, itens como tampinhas e lacres de garrafas plásticas continuaram a ser encontrados com frequência. Outros materiais também chamaram atenção, como sacolas plásticas de comércios e supermercados, hastes flexíveis, garrafas PETs, isopor, calçados e até assentos de vaso sanitário.

O Brasil produz cerca de 100 mil toneladas de copos plásticos por ano. O plástico tem potencial para reciclagem, mas o seu mercado ainda é muito precário. Cada quilo do material pode ser vendido por até R$ 0,20 – são necessários mais de 400 copos de plástico descartáveis para somar apenas um quilo. Além disso, de todo o plástico que já foi produzido em todo o mundo, desde sua invenção ainda em 1950, apenas 9% foi realmente reciclado para entrar novamente no ciclo de produção.

Somado a isto, existem os materiais descartados de forma errada e são acumulados nos aterros sanitários. Um copo plástico descartável pode levar entre 250 a 400 anos para se decompor – e mesmo depois de todo esse tempo ainda pode continuar por aí, pois se transforma em micro plástico e continua na natureza. Isso porque o copo plástico descartável é produzido a partir do poliestireno, um componente derivado do petróleo, que é uma matéria-prima não renovável.

Estimativas de 2018 da Abrelpe mostram que são consumidos, no Brasil cerca de 720 milhões de copos descartáveis por dia, o que corresponde a 1,5 mil toneladas de resíduos diários. Boa parte do plástico, já que a reciclagem é falha, acaba sendo descartada nos oceanos. De acordo com dados da ONU, o plástico representa 80% do lixo nos mares, o que pode causar a morte de diversas espécies marítimas, que confundem os resíduos plásticos com alimentos e acabam ingerindo-os. Pesquisas apontam que em 2050 haverá mais plástico do que peixes nos oceanos.

Fonte: Agência Brasil/Dom Total

 

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