Menos de 7% dos materiais usados no mundo são reciclados, alerta o Circularity Gap Report 2024

 

🌍 Menos de 7% dos materiais usados no mundo são reciclados, alerta o Circularity Gap Report 2024

Vivemos em um mundo movido por consumo. A cada ano, bilhões de toneladas de materiais são extraídos, transformados e descartados em ritmo acelerado. E o que deveria ser um ciclo sustentável de uso e reaproveitamento tem se mostrado, na verdade, um sistema linear e insustentável.

O Circularity Gap Report 2024, um dos mais importantes levantamentos sobre economia circular no mundo, trouxe um dado alarmante: apenas 6,8% dos materiais usados globalmente retornam para o ciclo produtivo por meio da reciclagem. Isso significa que mais de 93% dos recursos extraídos da Terra viram resíduos descartados — muitas vezes de maneira inadequada ou poluente.

🚨 O consumo de recursos ultrapassou os 100 bilhões de toneladas por ano

Outro dado impressionante do relatório é o volume total de materiais extraídos globalmente: mais de 100 bilhões de toneladas por ano. É a maior marca da história e reflete o padrão de crescimento econômico baseado em exploração intensiva de recursos naturais.

Esses materiais incluem:

  • Combustíveis fósseis (petróleo, gás, carvão)
  • Minerais metálicos e não metálicos
  • Biomassa (madeira, produtos agrícolas)
  • Materiais de construção (areia, cimento, pedras)

Grande parte desse volume é usada uma única vez e depois descartada. Os resíduos se acumulam nos aterros, poluem solos e oceanos ou são incinerados, liberando gases poluentes na atmosfera.

🔁 Economia circular: mais do que uma tendência, uma urgência

A economia circular é apontada como a principal solução para reverter esse cenário. Ela propõe uma mudança no modelo atual de “extrair, produzir, consumir e descartar”, substituindo-o por um sistema que privilegia o reuso, a recuperação e a regeneração de recursos.

A proposta é simples, mas poderosa: manter os materiais em uso pelo maior tempo possível, extraindo o máximo de valor deles antes de reaproveitá-los. Na prática, isso significa:

  • Design de produtos duráveis e fáceis de consertar
  • Uso de materiais recicláveis e biodegradáveis
  • Sistemas eficientes de coleta e triagem de resíduos
  • Modelos de negócio baseados em aluguel, compartilhamento e reuso

O relatório de 2024 destaca que aumentar a circularidade global para apenas 17% já seria suficiente para reduzir quase pela metade o uso de materiais virgens — e isso teria um impacto direto na redução das emissões de gases do efeito estufa.

🇧🇷 E o Brasil nesse cenário?

No Brasil, a situação não é muito diferente. Apesar de termos leis como a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e iniciativas pontuais de logística reversa, os índices de reciclagem ainda são baixos. Estima-se que menos de 4% dos resíduos sólidos urbanos são reciclados no país.

Além disso, o país ainda enfrenta problemas como:

  • Falta de infraestrutura para coleta seletiva
  • Baixo investimento em educação ambiental
  • Desvalorização do trabalho dos catadores e cooperativas
  • Falta de incentivos para empresas que investem em inovação sustentável

✅ O que podemos (e devemos) fazer?

A transformação exige ação conjunta de governos, empresas e consumidores. Veja como cada um pode contribuir:

Governo:

  • Criar incentivos fiscais e linhas de crédito para negócios circulares
  • Estimular parcerias público-privadas para a coleta e o tratamento de resíduos
  • Ampliar a fiscalização e o cumprimento da PNRS
  • Investir em infraestrutura urbana para a reciclagem e compostagem

Empresas:

  • Reavaliar processos produtivos com foco em reaproveitamento
  • Investir em embalagens recicláveis ou retornáveis
  • Criar programas de logística reversa
  • Promover a rastreabilidade de materiais

Cidadãos:

  • Separar corretamente os resíduos em casa
  • Reduzir o consumo de itens descartáveis
  • Apoiar marcas e produtos com responsabilidade ambiental
  • Participar de ações comunitárias e de educação ambiental

🌱 Conclusão: estamos diante de um ponto de virada

O Circularity Gap Report 2024 é mais do que um alerta. É um chamado à ação. A forma como lidamos com os recursos naturais hoje vai determinar o futuro do planeta — e das próximas gerações. Precisamos abandonar o modelo linear que já se mostrou falido e adotar práticas verdadeiramente circulares, sustentáveis e inclusivas.

Cada escolha importa. E mesmo pequenas atitudes, quando multiplicadas por milhões de pessoas, fazem a diferença. A hora de agir é agora.

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