Europa quer ‘imposto de reciclagem” para roupas

Objetivo é responsabilizar o setor têxtil pelo ciclo de vida completo de seus produtos e incentivar iniciativas de circularidade

Pilha de roupas de fundo | Foto Premium

A Comissão da União Europeia apresentou hoje a proposta para criação de um sistema de Responsabilidade Estendida do Produtor (EPR scheme) para os resíduos têxteis, à similaridade do que já existe para outros setores/resíduos.

O continente europeu produz 12,6 milhões de toneladas de resíduos têxteis por ano, sendo que roupas e calçados contabilizam 5,2 milhões de toneladas, o equivalente a 12kg por pessoa por ano, dos quais 22% são coletados de forma separada.

A proposta apresentada torna os produtores responsáveis por todo o ciclo de vida dos produtos têxteis colocados no mercado, devendo apoiar a gestão sustentável e a circularidade dos resíduos têxteis em todo os países membros da União Europeia.

Pelas novas regras, que agora serão apreciadas pelo Parlamento Europeu como uma emenda à Diretiva-chave de Resíduos (Waste Framework Directive), estão previstos os seguintes pontos, dentre outros:

– Os produtores terão que cobrir os custos de gestão dos resíduos têxteis;
– As iniciativas devem prever ações de redução de resíduos e aumento da circularidade dos produtos têxteis;
– Estão contemplados incentivos para a pesquisa e desenvolvimento de tecnologias inovadoras para a circularidade dos produtos, incluindo a reciclagem fibra-a-fibra
– Prevenção e combate à exportação ilegal de resíduos têxteis

Certamente a tramitação dessa proposta será objeto de bons debates e abrirá oportunidade para aperfeiçoamentos com vistas à construção de uma norma bastante emblemática.

Total 81+ imagem pilha de roupas - br.thptnganamst.edu.vn

Problema ambiental

As marcas de fast fashion e de ultra fast fashion, cujo maior exemplo é a chinesa Shein, têm sofrido críticas ao redor do mundo por promoverem, direta ou indiretamente, o consumo desenfreado e por não serem transparentes quanto às consequências sociais e ambientais de seus modelos de negócio.

Quando considerada toda a cadeia de produção, da plantação do algodão ao descarte, a indústria da moda é responsável por quase 10% das emissões de gases de efeito estufa no mundo – algo próximo ao setor de aviação, por exemplo.

Só na Europa, espera-se que o consumo anual de roupas e sapatos passe dos 63 milhões de toneladas registrados em 2019 para 102 milhões de toneladas no fim da década, segundo informações da Agência Ambiental Europeia.

“A relação prejudicial que criamos com os têxteis polui nosso mundo. Ela exige o uso de grandes quantidades de água, faz mal à natureza e lança gases de efeito estufa na atmosfera”, afirmou Frans Timmermans, responsável pelas políticas de descarbonização do bloco.

Em nota, o diretor geral da EuroCommerce, que representa o comércio varejista no bloco, Christel Delberghe, diz reconhecer a importância da circularidade e da redução do desperdício.

Um estudo realizado em parceria com a McKinsey estima que são necessários € 35 bilhões até 2030 para promover a circularidade no setor, destaca ele, complementados por subsídios e acompanhados por uma regulamentação “harmonizada”.

Fontes: European Commission e Reset

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